sábado, 14 de maio de 2011

SANTO ANTONIO DO AVENTUREIRO - MINAS GERAIS

Por Mauro Luiz Senra Fernandes












É banhado pelo rio Aventureiro que, serpeando, desce descrevendo graciosas curvas, promovendo belíssima cascata pela Fazenda da Torre abaixo, encachoeirando-se, ainda para brilhantismo seu, nas proximidades de sua embocadura.
No início do século dezenove, já havia notícia sobre a fertilidade daquelas terras e atraiu muitos aventureiros que receberam sesmarias. Era assustadora a quantidade de onças na região, e somente homens bem arrojados seguiam para ali. A primeira leva de aventureiros acampou as margens de um rio, ao qual denominaram Aventureiro e por ser dia de Santo Antonio – 13 de junho – foi batizado então o lugar de Santo Antonio do Aventureiro.
“Esses aventureiros, já então domiciliados no pequeno povoado, durante várias semanas ocupavam-se com a divisão e demarcações de suas terras, e a folga de um domingo possibilitou que fossem visitar a Cachoeira Alta para sossegadamente, apreciarem aquele inestimável penhor de terra.” - fonte Agnelo Vitral
Cronologia:
De seu povoamento por volta de 1818 até 1852, o povoado de Santo Antonio do Aventureiro pertencia ao Município de Mar de Espanha.
Em 04 de maio de 1852, tornou-se Distrito de Santo Antonio do Aventureiro.
Em 07 de setembro de 1923, seu nome mudou-se para Aventureiro.
Em 17 de dezembro de 1938, foi incorporado ao Município de Além Paraíba.
Em 30 de dezembro de 1962, foi criado o Município – Lei 2.764, e restabelecimento do nome primitivo – Santo Antonio do Aventureiro.
Em 01 de marco de 1963, foi instalado o Município.














 
 ATA DA SESSÃO SOLENE DE INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
 DE
 SANTO ANTONIO DO AVENTUREIRO

A primeiro de março de mil novecentos e sessenta e três, no edifício da sede provisória da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Aventureiro, sob a presidência do Senhor Ariosto Guarinelo, Juiz de Direito da Comarca de Além Paraíba na conformidade com as disposições a respeito, reuniram-se em Sessão Solene as autoridades e pessoas gradas com numerosa assistência popular, para o fim de proceder a instalação do Município de Santo Antonio do Aventureiro, criado nos termos do artigo 3º da Lei 2764 de 30 de dezembro de 1962, com jurisdição sobre as circunscrições que tem por sede esta localidade que ora recebe os foros de cidade. Aberta, digo com jurisdição sobre circunscrições que tem por sede esta localidade que ora recebe os foros de cidade e os povoados de São Domingos e Alto da Conceição. Aberta a sessão e constituída a mesa, o Senhor Presidente convidou o Doutor Júlio de Paula Brandão para Secretário “ad-hoc” e o Intendente nomeado para o Município, Senhor Geraldo Coutinho Brum, convidando ainda, o Reverendíssimo Padre Cirilo Lubers, Vigário da Paróquia, os Vereadores Gildon Torres, Júlio Alves Moreira, Artur Bernardes Nunes, o Juiz de Paz Moacyr Schettino, José Francisco Gobbi, a Diretora do Grupo Escolar “Miranda Manso” Maria Tereza, o Sr. Delegado de Polícia Miguel Teixeira de Rezende, os Srs. Eudoxio Vasconcellos e Dr. Jairo Villela, como representantes do comércio e da agricultura e pioneiros do movimento de criação do Município, todos para constituição da mesa. Em seguida, convidou o Presidente e todos os presentes a se porem de pé e pronunciar em voz clara e pensada as seguintes palavras inaugurais:
“Em virtude dos poderes que me foram outorgados, declaro instalado o Município de santo Antonio do Aventureiro com jurisdição sobre as circunscrições que tem por sede esta localidade que ora recebe os foros de cidade com competência e atribuições que a lei lhe confere e determina.”
Terminadas as palavras inaugurais acima transcritas, foi o Município recém instalado saudado com vibrantes aclamações sentando em seguir a mesa e a assistência, o Sr. Presidente de a palavra ao Dr. Júlio de Paula Brandão, advogado e ex-vereador pelo antigo Distrito ora elevado a categoria de Município que proferiu discurso alusivo à solenidade, tendo na oportunidade, usado ainda a palavra o Reverendíssimo Padre Cirilo Lubers, Vigário da Paróquia. Ninguém mais fazendo uso da palavra, o Senhor Presidente declarou encerrada a sessão, convidando os presentes a ouvirem a leitura desta ata que vai assinada pelo Presidente, secretário, pelas autoridades e demais pessoas presentes. Eu Julio de Paula Brandão, secretário “ad-hoc”, escrevi a presente ata e a li ao término desta sessão, cuja realização aqui se registra com seu início as onze horas, consignando a presença do Dr. Ormeu Junqueira Botelho, Deputado Federal por Minas Gerais, que também proferiu palavras congratulatórias pela emancipação da cidade de Santo Antonio do Aventureiro ex-distrito Aventureiro, estendendo suas congratulações aos habitantes do nosso Município e os pioneiros da sua instalação, Eu Julio de Paula Brandão, Secretário “ad-hoc” escrevi a presente ata.
Cidade de santo Antonio do Aventureiro, 1º de março de 1963
Ariosto Guarniello - 1º Juiz de Direito da Comarca de Além Paraíba
Cirilo Lubers - Vigário
Geraldo Coutinho Brum
Gildon Torres
Júlio Alves Moreira
Artur Bernardes Nunes
Moacir Schettino
José Francisco Gobbi
Maria Tereza Laroca Mendes
Miguel Teixeira de Rezende
Eudoxio Vasconcellos
Álvaro Zóffoli
Eudis Martins da Silva
Darci Carlos da Cunha
Vicente Trece Madeira
Laci Zóffoli
Afonso Celso Pires Rezende
Nilson Cavalheiro
Sebastião Pires Rezende
Otávio de Castro Côrtes – Presidente da Câmara Municipal de Além Paraíba
Pedro Senra Neto
Walcir Dutra de Morais
José Inácio da Silva Primo
Guilhermina Talho Stambassi
Noemi do Vale Torres
Ilma Bessa Cunha
Sinval Vieira
Romulo Torres
Antonina Attademo Vasconcellos
Maria de Lourdes Attademo
Nunciata Consoli Talho
Joaquim Vieira Júnior
Otávio Senra Martins
Rubens Senra Martins
Luiz Cavalheiro
Wilson Ferreira da Cunha
Ezequiel Cândido Ribeiro
José Ferreira da Cunha
Walma Vasconcellos Schettino
Pedro Gavioli
José Gonçalves Talho




Um Patrimônio Especial no Alto da Serra

Em nossa região estamos tão acostumados com a pouca valorização que, às vezes, achamos que ela é algo razoável, que é normal e que as coisas boas não existem - nunca a mereceremos. Deixamos de exigir qualidade, reivindicar nossos direitos e acreditamos que, o que nos oferecem, é um favor e não um direito.
Ficamos distantes do que é civilizado, mas o que é civilizado?
Civilizado é derivado de civilização, palavra que surgiu na França iluminista do século dezoito com significado moral: ser civilizado era ser bom, urbano, culto e educado. Para os iluministas, a civilização era uma característica cultural que se contrapunha à idéia de barbárie, de violência, de selvageria. Além disso, ser civilizado era um ideal que todos os povos deveriam almejar, mas que poucos tinham alcançado. Assim, hoje, quando qualificamos um indivíduo de civilizado, ainda estamos utilizando o conceito iluminista, considerando-o uma pessoa educada, pacífica e culta, que se contrapõe aos violentos, àqueles que consideramos rudes e incultos.
Tudo isso foi explicado para defender a idéia de preservação do patrimônio histórico de Santo Antonio do Aventureiro, da sua importância e do benefício que tal atitude oferece.E o que vem a ser patrimônio histórico? É tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e imaterial deixada pelos antepassados, composta por um complexo de bens históricos.
Santo Antonio do Aventureiro possuí um acervo monumental muito importante que está sendo preservado através da tradição e da perseverança de seu povo e de movimentos, como do perseverante Padre Antonio Gabriel, que vem lutando na restauração da Igreja Matriz de Santo Antonio, uma construção das mais belas de nossa região. A importância desta preservação é imensurável, não tem como medir e deve ser motivo de orgulho para a população.
A cidade possui um casario colonial belíssimo da época do café, período importante da história do Brasil e de nossa região e do Vale do Paraíba. As autoridades municipais daquela localidade devem ter um olhar mais atento e mais critico nas construções em torno destes casarios, de não deixar se descaracterizar este acervo que estão tão bem preservados pelos seus proprietários.Não é minha proposta filosófica ficar apontando atitudes incorretas, mas o papel de um agente histórico é de valorizar, conscientizar e de defender a idéia de preservação deste tão importante patrimônio que Aventureiro possui e que todos devem se orgulhar.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

ANGUSTURA

Por Mauro Luiz Senra Fernandes



Em Angustura suas janelas deixam o tempo passar de uma maneira poética, onde a poeira do tempo se assenta em suas formas...Sendo humildes e ricas ao mesmo tempo, relembram histórias perdidas atrás das vidraças.Muitos já olharam o sol e a lua, pensando num futuro que já passou ou na tristeza do passado vivido.
Das janelas de Angustura se vê a igreja, seus padres e beatas, escondem anjos e querubins...A procissão passa pelas janelas, deixando o cheiro de velas e se espera a misericórdia de Deus.
Dessas janelas não se vê o trem, pois em Angustura, ele não chegou e há quem afirme que um dia ele vai chegar.
Mas se vê as montanhas, que já viram o café em flor...As noites, essas janelas escondem segredos e o medo de histórias que não se contam – da velha, do coronel, do escravo alforriado, da tia solteirona, dos filhos do padre...Quando chega a primavera, suas flores têm perfumes e em cada olhar tem cores que só existem por lá.Angustura, quanta saudade!

Texto adaptado de Marco Santos
Fotos de Mauro Senra em Angustura