segunda-feira, 30 de julho de 2012

TESTAMENTO DE JOSEPHA MARIA DE ASSUMPÇÃO - 1865


Por Mauro Luiz Senra Fernandes


Josepha Maria de Assumpção, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Barbacena, nascida em 1777 e falecida em 1865, está sepultada no Cemitério da Irmandade do Santíssimo da Cidade de Além Paraíba, MG, filha de Francisco Ribeiro Nunes e Joana Maria da Conceição – pertencente a família Ferreira Armond, moradores na Mata do Quilombo, Barbacena. Foi casada com Coronel João Ferreira da Fonseca, nasceu em Prados por volta de 1767 e falecido em 1819.

 “Em nome de Deos, Trino e Uno, a quem firmemente creio.

Eu Josepha Maria de Assumpção, ainda a que presentemente me acho no estado de perfeita saúde, provem prevendo a morte como uma conseqüência inevitável da vida, senhora de mim e no gozo de meu perfeito juízo e entendimento, com conhecimento do que faço, vou proceder a este meu testamento e derradeira vontade, para ter o seu devido efeito, depois que eu morrer, pela forma e maneira seguintes.
Declaro que sou cidadã brasileira, honra de que muito me prezo, natural e batizada na Freguesia da hoje cidade de Barbacena, filha legítima de Francisco Ribeiro Nunes, e de Joana Maria da Conceição, ambos falecidos. 

Declaro que fui casada na face da Igreja com João Ferreira da Fonseca, de cujo matrimônio tivemos os filhos seguintes: José, Cândido, Thomaz, João, Marcellino, Simplício, Damaso, Maria Victória, Bernardina Carolina e Joana, e destes alguns já faleceras.

 Declaro que depois do falecimento do dito João Ferreira da Fonseca meu prezado marido se fez logo judicialmente inventário de todos os bens do nosso casal, procedeu-se as formal de partilhas, e a proporção, que meus filhos se foram emancipando, eu lhes fui entregando suas respectivas  legítimas paternas ...que em tempo ficarão delas inteirados, pagos e satisfeitos. Outro sim declaro mais ou menos, que eu observando, que não podia mais promover como dantes, os interesses de minha casa, apresentei de fazer o meu inventário e partilhar me em vida, digo, e repartir em vida com meus filhos, vivos e com os legítimos sucessores do que são falecidos, e com efeito ... mencionado tempo convoquei a todos, e eles comparecerão legal e competentemente autorizados para este fim fez se o Inventário de tudo quanto eu possuía então, foi tudo concisamente avaliado, e tirada a minha terra que reservei, e conservo em meu poder tudo mais foi igualmente repartido com meus supra citados filhos e herdeiros, aquém logo entreguei o quinhão que lhe coube, eles ficarão todos satisfeitos, pagarão me quitações, e o Inventário e partilhas foram firmes e valiosas no Juízo competente. Portanto o que vou me dispor neste testamento e do que me coube em terra. Desta dita minha terra pois satisfeitos os legados que eu aqui vou mandar que se façam, o resto que sobrar. Instituo dele por herdeiros, somente os meus filhos e netos  que eu vou indicar, e estes são: meu filho Thomaz, meus netos, filhos de meu filho Marcellino, já falecido, meus filhos Simplício, Damaso, Maria Victória, Bernardina Carolina e Joana, todos estes satisfeitos os meus legados, instituo como disse por herdeiros do resto de minha terra em parte iguais.

Declaro que sou Irmã Terceira da Venerada Ordem da  senhora do Monte do Carmo da Cidade de São João Del Rey, a cuja Ordem nada devo por quanto me vem logo  enviei e professei; o mesmo pratiquei com a irmandade do Senhor  Bom Jesus de Congonhas do Campo, de que igualmente sou Irmã, mas nada devo.
Ordeno que meu cadáver seja envolto no Hábito que ... da mesma ordem, que logo depois de meu falecimento meu testamento   mande dizer por minha Alma uma ou as Missas de corpo presente e poder mandar dizer comodamente, e assim se haverá em tudo mais que dá respeito ao meu funeral, o qual lhe encarrego de em tudo mais a sua disposição e arbítrios.

Ordeno que meu Testamento mande dizer cento e cinqüenta Missas da esmola costumada no Bispado; a saber cinqüenta pelas Almas de meus pais; cinqüenta pela Alma de meu marido; e cinqüenta pelas Almas de meus escravos.

Declaro que atualmente tenho mandado dizer Missas por minha benção, e pelas Almas de meus filhos falecidos, e mesmo pretendo fazer se dias me emprestar a vida pelas Almas de todos os meus parentes e bem feitores.

Meu testamenteiro pagará, se eu não pagar em vida, a quantia em que importar a Imagem da Senhora do Rosário, que mandei vir para a Igreja de Santo Antônio do Aventureiro, afim como também, se eu não pagar em vida, pagará os cem mil réis que eu prometi para as obras da mesma Igreja, que são da Sacristia e Adro.

Deixo a Capela da Senhora do Rosário do Curral Novo cinqüenta mil réis.

Deixo para meus afilhados Romualdo, Carolina Maria, Francisca e Firmina, filhos de Antônio Martins do Couto, a quantia de um conto de réis, digo, a quantia de um conto e seiscentos mil réis para cada um deles. Deixo igualmente a meu afilhado Marcellino, filho de Manoel Netto, um conto de réis. Deixo meu afilhado Cândido, filho de Manoel Alves Garcia, quatrocentos mil réis. Deixo a meu afilhado Carlos, filho de Damaso Ferreira da Fonseca, quatrocentos mil réis. Deixo a meu neto e afilhado Marciano, filho do falecido Marciano Ferreira da Fonseca, quatrocentos mil réis. Deixo a meu filho Damaso Ferreira da Fonseca em remuneração de trabalho e cuidados, que tem tido comigo, os meus escravos Manoel Criolo e sua mulher Florência.

Nomeio por meus testamenteiros em primeiro lugar, o meu filho Damaso Ferreira da Fonseca, em segundo lugar, o meu filho Simplício José Ferreira da Fonseca, e em terceiro lugar, meu filho Thomaz Ferreira da Fonseca, aos quais rogos queiram serem meus testamenteiros, substituindo-se um a cada outro, conforme a ordem de minha nomeação, e as que aceitar deixo ...e espaço de um ano para prestar contas em Juízo, e por este e autorizo para depois de minha morte, dispor de todos os meus bens ou parte deles , quando seja necessário, tanto em Juízo, como em particular para satisfazer a quanto tempo termina.

E nesta forma hei por concluído este meu Testamento e minha vontade e rogo as justiças do Império... seu inteiro vigor e cumprimento, embora lhe falte qualquer clausula, ou clausulas das em  necessário; pois todas ...as jugos , neste meu Testamento, que escrito a meu rogo, pelo Padre Joaquim Flausino Moreira, a qual depois de me haver lido e eu o julgar conforme deixei o assino.
Santana da Boa União, 5 de março de 1857"

Josepha Maria de Assumpção      

O neto e afilhado Cândido Augusto Ferreira da Fonseca - filho do Capitão Cândido e da
 Baronesa de Juiz de Fora
 
  Altar da Igreja do Senhor  Bom Jesus de Congonhas do Campo





sexta-feira, 13 de julho de 2012

BARONESA DE GUARAREMA - FRANCISCA DE SOUZA MONTEIRO DE BARROS E ELISEU VISCONTI




Barão e Baronesa de Guararema
 


Dona Francisca de Souza Monteiro de Barros, Baronesa de Guararema por seu casamento com seu tio materno, Luís de Souza Breves.

Era filha de Miguel Eugenio Monteiro de Barros e Maria Eugenia de Souza Breves. 

De seu casamento, não foi gerado filhos e segundo fonte oral, o Barão de Guararema deixou vários filhos na senzala. 

O Barão de Guararema foi um grande comerciante de café na capital do império, era filho de Luiz de Souza Breves e de Maria Pimenta de Almeida Breves e foi agraciado com o titulo de Barão de Guararema em 15 de junho de 1881.

A Baronesa era amante das artes e é considerada uma das primeiras mecenas da burguesia brasileira.

A Baronesa era uma pessoa muito doente e viajava frequentemente para a Itália para tratamento de saúde, numa de suas viagens, conheceu o futuro pintor Eliseu D’Ângelo Visconti e convenceu a sua família a deixá-lo a estudar desenho e pintura no Brasil.

Visconti nasceu na região italiana da Campânia em 30 de julho de 1866, filho de Gabriele D’Ângelo e Cristina Visconti, foi um pintor, desenhista ítalo-brasileiro e considerado um dos mais importantes artistas brasileiro.

Chegando ao Brasil entre 1873 e 1875, em companhia de sua irmã Marianella Visconti. Seu irmão Afonso e sua irmã Maria Anunciata já viviam no Brasil e seu irmão Tobias falecera de febre amarela, doença contraída aqui. Eliseu Visconti, desejou estudar música e em 1884, trocou a musica pela pintura no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes. 

Segundo seu filho Tobias, Visconti inicialmente se instalou em Além Paraíba, depois na cidade fluminense de Sapucaia, onde a família Breves possuía muitas propriedades.

 O Barão de Guararema faleceu em Além Paraíba, MG, aos 82 anos, no ano de 1910, sendo sepultado no Cemitério da Irmandade do Santíssimo. A Baronesa faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de janeiro de 1899, sendo sepultada no Cemitério da Ordem do Carmo. 


Fazenda Castelo - Além Paraíba MG
                                                    Fazenda Castelo - Além Paraíba MG

 O menino Eliseu Visconti e sua irmã Marianella - 1880
 A maturidade de Eliseu Visconti - 1930


Réplica do pano de boca do Theatro Municipal do Rio Janeiro pintado por Visconti em Paris