A caminhada em busca de inovações que conduzissem ao progresso da humanidade começou com o primeiro homem e perpetuou-se nos passos dos demais.
Um
dos instrumento utilizados na simbologia da aceleração do processo de mudança e
do progresso, em Além Paraíba, foi a chegada da eletricidade que trouxe o bonde
elétrico, pois ajudou a tornar mais rápidos os passos do homem.
“
Vitoriosa, acaloradíssima, triunfal, foi a passagem do primeiro bonde elétrico
por entre a multidão que, espontaneamente, ovacionava os empreiteiros de nosso
progresso...
O
tráfico dos bondes elétricos, trens especiais e de automóveis, dava à nossa
urbe um aspecto das grandes cidades movimentadas em dia de gala...”
Amil
Alves
A
VISÃO DE UM IMIGRANTE PORTUGUÊS
A
princípio, como em todos os lugares, locomoviam-se os habitantes a pé, a
cavalo, em carros de bois, em liteiras ou cadeirinhas. Também as diligências ou
carruagens, como as do Hotel Roma (prédio da prefeitura), marcaram época.
Vieram depois os bondes de tração animal (burros).
O
português Adão Pereira de Araújo comprou esses bondes de tração animal,
mantendo-os em circulação até 1925, quando foram retirados para dar lugar aos
elétricos, inaugurados a 15 de novembro daquele ano e se tornaram motivo de
orgulho para os alemparaibanos, já que poucas cidades mineiras possuíam esse
meio de transporte - somente Juiz de Fora, Lavras e Belo Horizonte.
Durante
quatorze anos os bondes elétricos circularam até o dia 29 de agosto de 1939.
Interessante é que o povo alemparaibano do início do século vinte criticava
muito Adão Araújo por ele ter implantado aqui os bondes elétricos, por causa de
pequenos atrasos ou defeitos, mas nós achamos que eles cumpriam melhor o
serviço de condução do povo entre os bairros da cidade do que os transportes de
hoje.
Então, coincidindo com a epidemia de tifo,
houve um desastre com os bondes que, descendo do Morro do Carneiro, foram parar
dentro de um estabelecimento comercial na Vila Laroca, derrubando paredes e
chegando ao balcão como freguês comum. O curioso é que os carros levavam,
naquela ocasião, um enterro com caixão, defunto e lágrimas, quer dizer: o
acidente não foi tão trágico, mas de qualquer forma já existia um morto,
vitimado não pela batida do bonde, mas pela febre tifóide que assolava a cidade
e que, em dois meses, matou cem pessoas.
O
fato é que, em conseqüência do acidente, foi decidido – infelizmente - o
término dos bondes em Além Paraíba. Começou, então, a circulação dos ônibus na
cidade, introduzidos pelo Dr. Francisco Villela Pedras e Francisco Gomes da
Silva (Chiquinho Gomes). Eram dois coletivos que receberam da população os
nomes de Jujú e Balangandã. Um era verde, o outro amarelo. Um era grande, o
outro pequeno.
Legenda: Desastre com os bondes que,
descendo do Morro do Carneiro, foram parar dentro de um estabelecimento
comercial na Vila Laroca, derrubando paredes e chegando ao balcão como freguês
comum.
O IMIGRANTE PORTUGUÊS ADÃO
PEREIRA DE ARAÚJO - O HOMEM QUE MUDOU A CARA DE ALÉM PARAÍBA
Adão Pereira de Araújo, sua esposa Maria Augusta Rezende e filhos - acervo: Mauro Luiz Senra Fernades - oferta de Elizabeth Filgueiras de Araújo
Falar
desse lusitano nos lembra a parte notória que este espírito propulsor tornou o
progresso industrial em nossa cidade. Sua personalidade é exemplo às pessoas de
iniciativa e dinamismo. Ele foi o industrial ativo que tirou Além Paraíba,
pode-se dizer, das trevas, fornecendo energia elétrica para sua iluminação.
Adão
Pereira de Araújo nasceu em Marco de Canavezes, Portugal, no ano de 1861 e lá,
casou-se pela primeira vez com Maria de Jesus Coelho, que lhe gerou três
filhos: Antônio, Amélia e Ceriaco.
Ficando
viúvo, veio para o Brasil à procura do amigo, Capitão José Medeiros de Rezende
e sua esposa Maria Rosa de Medeiros, em Além Paraíba, e casou-se pela segunda
vez com a filha destes, Maria Augusta de Rezende, que lhe gerou onze filhos:
Carmem, Silvio, Roberto, Octávio, Ottoni, Odeth, Judith, Ruth, Hilda, Lídio e
Tito.
No
ano de 1906, esse português de nascimento instalou na Fazenda do Lordello uma
pequena usina geradora de energia elétrica. Até aquele momento, as ruas e as
casas alemparaibanas eram iluminadas a luz de lampião de querosene ou
carbureto. Aos “lobisomens” ou “fantasmas” cabiam a tarefa de ascender os
lampiões das ruas e praças às dezoito horas e apagá-las às três horas da
madrugada.
Com
a energia elétrica instalada aumentou o progresso de Além Paraíba com o
surgimento de diversas indústrias. A primeira foi a fábrica de bebidas do
italiano Nicolau Taranto, localizada próxima ao hoje bairro da Granja Três de Outubro.
Adão
Pereira de Araújo foi um grande empreendedor em nossa cidade que acreditava no
trabalho e valorizava quem fazia do trabalho o seu lema.
Interior de uma das Oficinas de Adão Araújo
Instalou
laticínios e diversas fábricas. Mas o que fez elevar o seu nome mais ainda em
nosso município e região foi a revolucionária instalação dos bondes elétricos
que cortavam Além Paraíba de Porto Novo a São José, transportando pessoas e
mercadorias. Vale lembrar que somente umas poucas cidades brasileiras dispunham
desse moderno meio de transporte naquela época. Transferiu-se para a Capital
Federal onde possuía outros empreendimentos, dentre eles, na área de hotelaria,
o Jardim Hotel - local onde veio a falecer na Quarta-Feira de Cinzas do ano de
1941.
A
referência de Adão Pereira de Araújo mostra que, quando há honestidade e
trabalho, uma cidade pode se transformar num local de desenvolvimento.
Adaptação do texto de Nestório
Valente no Jornal Além Parahyba -1925
Laticínio fundado por esse lusitano - local atual do Banco do Brasil em Porto Novo.
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Quem não conhece a história, corre o risco de repetí-la. Está de parabéns Sr. Mauro Luiz Senra Fernandes, através de seu trabalho, que é magnífico, a gente passa a ter mais orgulho de nossa terra.
ResponderExcluirParabéns!!!
Você nos ensina muito contando a história da nossa querida cidade.Obrigada Mauro e parabéns!
ResponderExcluirParabéns Mauro!
ResponderExcluirAlém Paraíba precisa de pessoas como você para resgatar sua história!
Você é maravilhoso e seu blog está perfeito!
Parabéns!!
Querido Mauro! Você está de parabéns por eternizar a história do nosso município!
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