Por Mauro Luiz Senra Fernandes
Turma do Aero Clube de Além Paraíba e abaixo, o avião PP-HJN
"Foi dolorosamente triste o domingo que passou para nossa cidade. Isso porque, no momento mesmo em que se apresentava à festa que marcaria de forma brilhante a passagem da “Semana da Asa”, o destino preparou trágica sortida a Eduardo Franco – estimado “Monêgo”, presidente do Aero Clube de Além Paraíba – ferindo-o de forma cruel e impiedosa. E só mesmo a Providência Divina impediu que o acidente fosse ainda pintado com cores mais negras, permitindo que esse moço, benquisto e justamente estimado, exemplo de coragem e dedicação ao progresso da cidade, continuasse, por felicidade, ainda e sempre vivendo ao nosso lado, amando e trabalhando por sua cidade, numa reprodução perfeita desse outro grande brasileiro, também integrado a aviação, e cuja memór5ia exatamente Eduardo Franco ia festejar.
E assim foi. Estava marcada para as 14 horas, no campo de pouso, a festividade aviatória, com o Aero Clube daria relevo à Semana da Asa. As 10h30min mais ou menos, Eduardo Franco levantou vôo, pilotando o PP-HJN. Iria tentar uma experiência para a prova denominada Caça ao Balão. Depois de uma subida normal, Eduardo Franco, se apresentou a alcançar o balão solto no solo. Estava a uma altura de aproximadamente de 100 metros. Ao fazer a curva, porem, a aeronave entrou em parafuso e precipitou célere para Terra. Percebendo o perigo, tentou planar o aparelho. Tarde demais. A altura pequena não permitiu que se consumasse o desejo do valente piloto civil. E o avião espatifou-se de encontro ao solo. Segui-se um momento de ansiedade, em que os presentes no campo de pouso na Ilha do lazareto sufocaram um grito de dor e espanto. Receava-se que o PP-HJN explodisse ou incendiasse. Nada acontecendo, correram todos para o aparelho sinistrado, dele retirando o piloto Eduardo Franco desacordado.
Levá-lo ao Hospital São Salvador, entregá-lo aos cuidados médicos, foi coisa de momentos. E lá, constatada a seriedade dos ferimentos, o presidente do Aero Clube de Além Paraíba, hospitalizado, à noite foi operado pelo Dr. Ferreira Filho, clínico de nomeada na Capital da República, aqui trazido para socorrer o infortuno piloto.
Deus piedoso houve por bem determinar que, malgrado os perigos que ainda cercam seu estado, seja bem melhor a saúde de “Monêgo”. Cercado dos seus parentes extremosos, visitado cada dia, cada momento pelos inúmeros amigos, rosto ainda enfaixado pela gravidade dos ferimentos e recebido, Eduardo Franco, passado o período agudo do acidente, recompõe-se a mais e mais.
A “A Gazeta” visita-o, almejando-lhe votos de pronto restabelecimento. E roga ao Poderoso Senhor de todas as coisas para que reconforte os seus, e conceda ao seu organismo forte, e ao seu espírito robusto, a energia varonil, aquela mesma energia por que sempre primaram seus atos, afim de que retorne, são e feliz ao convívio da família que o idolatra, e dos amigos e dessa sociedade que toda vida viu em Eduardo Franco um dos seus honrados, um dos seus valorosos filhos."
Parte da hélice do PP-HJN – acervo Mauro Luiz Senra Fernades
Fonte: “A Gazeta” – 28 de outubro de 1951
domingo, 15 de abril de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário