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segunda-feira, 15 de março de 2010

QUEM CHEGOU PRIMEIRO O TREM OU CAFÉ

Por Mauro Luiz Senra Fernandes






Conforme diz Renê Fernandes Schoppa, o transporte é essencial na vida das pessoas e da própria economia. Assim sendo, é difícil compreender porque, até o inicio do século dezenove, o homem dispunha apenas de sua própria força física ou de animais de grande porte que ele domesticou, para se movimentar ou carregar o que precisava. A roda provocou a primeira revolução nos transportes terrestres valendo destacar que, segundo registros históricos, ela foi vista pela primeira vez na Mesopotâmia, com os Assírios, na segunda metade do primeiro milênio antes de Cristo. Com a roda e os animais domesticados, surgiram os primeiros veículos que trafegam em caminhos sem qualquer revestimento. Só em meados do século dezenove foi inaugurada nossa ferrovia pioneira, quase 30 anos depois dos ingleses colocarem nos trilhos o primeiro trem comercial do planeta.

Muitas estradas surgiram depois e cada ferrovia tem sua própria história. O apelo popular do trem era muito grande, sobretudo em Além Paraíba. Ir à estação era, antes do advento do rádio e da televisão, o contato humano mais importante das pessoas. Quem não tem saudade da “Maria Fumaça” que obrigava o passageiro a utilizar um guarda pó branco para proteger das incômodas fagulhas? A locomotiva a vapor, ou melhor, a “Maria Fumaça”, como era carinhosamente chamada, exercia um fascínio sobre os amantes da ferrovia que perdura até os nossos dias.

Por tudo isso, é importante conhecer um pouco da história que, muitas vezes, se confunde com a própria história do Brasil. Até porque, diz um ditado: “quem não conhece a história corre o risco de repeti-la”.

A Estrada de Ferro no Brasil

O Comendador Irineu Evangelista de Souza – o Barão de Mauá, foi indubitavelmente, o criador de uma nova era para o Brasil quando, em 12 de junho de 1852, planeja e constrói os primeiros quilômetros da linha férrea em solo brasileiro.

Em 16 de dezembro de 1856, a linha chegava à Raiz da Serra. O sonho de Mauá terminou quando, em fevereiro de 1855, o governo imperial anunciou a assinatura do contrato com o inglês Edward Prince para a construção da primeira seção da Companhia Estrada de Ferro Dom Pedro II, cujo nome não deixava dúvidas quanto ao patrocinador do empreendimento. É fácil concluir que Mauá, ao saber que o Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage ganhara concessão no mesmo ano de 1852 para a construção da Estrada de Rodagem União Indústria, entre Petrópolis e Juiz de Fora, vislumbrou a possibilidade de integrá-la com sua estrada. Tanto é que, em 13 de dezembro de 1852, o Governo Geral, pelo Decreto 1.088, deu-lhe, também, a concessão da Estrada de Ferro de Petrópolis ao Rio Paraíba, nas imediações do lugar denominado Três Barras e, a partir de então, a Porto Novo do Cunha. Uma das condições do contrato dizia: “Os favores deste contrato ficam extensivos à parte do caminho de ferro que a companhia fizer, de acordo com a estrada com a que contratara com a mesma província, desde o litoral até a raiz da referida serra”.

Terminada a Estrada de Rodagem União Indústria, as mercadorias da área mais rica de Minas Gerais eram entregues à Estrada de Ferro Mauá que passou a dar lucro, atingindo o dividendo de 17% em 1867. Quando a Estrada de Ferro Dom Pedro II chegou a Entre Rios, em 1869, todo transporte de cargas da estrada de Mariano Procópio passou para os trens da Dom Pedro II, com resultados catastróficos para a empresa de Mauá que, daí em diante, não conseguiu mais se equilibrar. Em 1890, a Estrada de Ferro Mauá foi incorporada à Leopoldina que estava em plena expansão.





Estação Ferroviária de Porto Novo


Fonte: Adaptação do texto de “150 Anos do Trem” de René Fernandes Schoppa

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