Por Mauro Luiz Senra Fernandes
“Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente a receita de goiabada. Mais do que isso seria um perigo para o lar” (Charles Expilly, cronista francês, aproximadamente em 1897).
A mulher era educada
para o matrimônio e a maternidade. Uma mulher era a embaixatriz da
família, digníssima esposa e formadora de grandes homens, que eram os filhos.
Esse era o pensamento que regia a sociedade brasileira e alemparaibana no fim
do século XIX. Nesse mesmo contexto existiam mulheres que se sobressaiam em
nossa sociedade pela força, inteligência e dinamismo em suas atividades e D.
Carlota Miranda Manso Monteiro da Gama foi uma dessas mulheres, constituindo
uma família de grandes cidadãos, possuindo inúmeras virtudes.
A história de sua
família se mistura com a história de Minas Gerais. Era trineta do
vice-presidente da província, nomeado presidente em 1850, Romualdo José
Monteiro de Barros, o Barão de Paraopeba, senhor de grandes propriedades e de
riquíssima lavra mineral em Congonhas do Campo. Sua bisavó era D. Ana Ricarda
Marcelina de Seixas, irmã de D. Maria Dorothéa Joaquina de Seixas, a Marília de
Dirceu, musa inspiradora do poeta inconfidente Thomas Antônio Gonzaga, e
sobrinha-neta do primeiro comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais,
o Cel. Francisco de Assis Manso da Costa Reis. Era neta, do lado paterno, do
Tenente-Coronel José Maria Manso da Costa Reis e de D. Francisca de Assis
Monteiro de Barros Galvão de São Martinho. Do lado materno, seus avós eram o
Cel. José Cesário Monteiro Miranda Ribeiro e de D. Maria Custódia Monteiro
Nogueira da Gama.
D. Carlota nasceu na
Fazenda do Bom Destino, distrito de Providência, no dia 29 de julho de 1872, e
era filha do alferes Bernardo Manso Monteiro da Costa Reis e de sua primeira esposa
D. Maria José Monteiro de Miranda Manso. Seus irmãos: Américo Manso da Costa
Reis, casado com a prima D. Francisca da Costa Reis; Dr. João Maria Miranda
Manso, casado com D. Adelaide Elisa de Souza; e, do segundo matrimônio de seu
pai, Braziel Manso da Costa Reis, casado com D. Zilda Ribeiro de Castro Manso.
Casou-se no dia 09 de
setembro de 1893, na Fazenda da Conceição, na Vila de Angustura, com seu primo
o Major Sebastião Monteiro Nogueira da Gama, que nasceu em 11 de agosto de
1867, filho do Major Romualdo Baptista Monteiro Nogueira da Gama e de D. Maria
Custódia Monteiro Nogueira da Gama. Seu esposo era neto, do lado paterno, do
Dr. João Baptista Monteiro de Barros (terceiro filho do Barão de Paraopeba) e
de D. Maria do Carmo Nogueira da Gama. Do lado materno, era neto de Francisco
Xavier Monteiro Nogueira da Gama e de D. Ana Maurícia do Carmo.
D. Carlota e o Major
Sebastião da Gama tiveram os seguintes filhos:
Romualdo Baptista Monteiro Nogueira da Gama, que foi Agente da Estação Ferroviária
de Trimonte, casado com a prima D. Carmem Nogueira da Gama, filha de Braz
Monteiro Nogueira da Gama e D. Alda Augusta da Gama Monteiro de Barros;
Oswaldo Mauro Monteiro Nogueira da Gama, que foi Coletor Estadual,
casado com D. Sophia Fernandes, filha de Antônio José Fernandes e D. Emiliana
Maria Fernandes;
Arnaldo Manso Monteiro Nogueira da Gama, Tenente da Força Pública em
Barbacena, casado com D. Nila Martins Maia, filha de Manuel José Martins e de
D. Carolina Rosa Antunes Martins;
Bernardo Manso Monteiro Nogueira da Gama, que faleceu solteiro;
Nivaldo Manso Monteiro Nogueira da Gama, produtor rural em Angustura,
casado com D. Maria do Carmo Teixeira da Gama;
Dr. Reinaldo Manso Monteiro Nogueira da Gama, médico e respeitado
político em Além Paraíba, casado com D. Eunice Côrtes de Araújo, filha de
Antônio Domingues de Araújo e D. Maria Guilhermina Teixeira Côrtes;
D. Celanira Manso Monteiro Nogueira da Gama, professora e inspetora da
Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, que ainda vive em Além Paraíba;
Agnaldo Manso Monteiro Nogueira da Gama;
Everardo Manso Monteiro Nogueira da Gama;
D. Eleonora Manso Monteiro Nogueira da Gama, que faleceu solteira; e
D. Alaíde Manso Monteiro Nogueira da Gama.
D. Carlota foi uma mulher piedosa e profundamente religiosa. Fez parte
da Irmandade de São José e do Apostolado da Oração, tendo um coração boníssimo
onde perdurava viva a imagem querida de seu falecido marido. Faleceu em 30 de
maio de 1948, causando profundo pesar em todo o município de Além Paraíba e
região. A Câmara Municipal, que era presidida por seu filho Dr. Reinaldo Gama,
homenageou a memória da ilustre senhora, e em seu sepultamento, no Cemitério de
Angustura, estiveram presentes, além de grande parte da população, inúmeras
autoridades municipais e estaduais.
Boa noite. Parabéns pelo seu excelente trabalho sobre Além Paraíba.
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