Por mauro Luiz Senra Fernandes
Poucas mulheres e ainda
tão poucas representantes da raça negra tiveram a notoriedade no inicio do
século vinte em Além Paraíba como Honorata Fernandes, conhecida com “Sá”
Honorata.
Nasceu em São Manoel MG
no ano de 1853, vindo para Além Paraíba em 1904, juntamente com seu marido, o
ferroviário Germano Fernandes, exercendo uma função sagrada que lhe
proporcionou muito respeito e afeto entre as famílias alemparaibanas. Parteira
das mais conhecidas, citada em vários textos do historiador Octacílio Alves
Coutinho, “Sá” Honorata fixou residência no Morro da Conceição com seu esposo e
os filhos: Ambrozina, Amélia, Germano e Genesínio.
Foi considerada a
segunda “mãe” de grande números de alemparaibanos, uma mestra na função de
parteira, inclusive respeitada por médicos que não criavam obstáculos no
desempenho de seu trabalho. A cada momento, dia ou noite, tempestuoso ou calmo,
era chamada em sua resid~encia, sempre pronta para auxiliar uma parturiente e
colaborar com a vida de mais um alemparaibano ou alemparaibana.
“Sua presença era
sinal. O sinal que as crianças eram privadas de assistir. Na casa era aquele
movimento, ocorria ao perfume dos defumadores, roupas impecavelmente brancas e
desinfetadas em enormes latas d’água fervente ou em tachos de bronze,
espalhando vapores por toda parte. E latas de marmelada entravam a cada momento
no quarto e pratos de canja de galinha que serviam de alimento a futura mamães” Octacílio
Coutinho.
“Sá” Honorata faleceu
em 1951, aos noventa e oito anos, deixando saudades daqueles que lhe tinham
gratidão.
A continuidade ao
trabalho de Honorata Fernandes foi seguido por sua filha Ambrozina, que também
nasceu em São Manoel, no dia 8 de outubro de 1901. Ambrozina estudou no Liceu
Operário e trabalhou na Companhia Industria de Além Paraíba (CIAP), sendo a
primeira mulher a exercer o cargo de tecelã naquela importante empresa
alemparaibana.
Como parteira seguidora
dos passos da mãe, também se destacou e trazia com ela o orgulho de não ter dito nenhum óbito em suas mãos. Exerceu a
sagrada função até a idade de 75 anos, passando a seguir a somente orientar as
mães alemparaianas que procuravam como agir nos banhos dos rebentos e na cura
do umbigo.
"Sá"Honorata e o grande amigo admirador Jarbas Neto
Germano Fernandes
Ambrozina Fernandes de Souza