quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ALÉM PARAÍBA - CRIANÇAS, OS INOCENTES ADULTOS EM MINIATURA/ ALÉM PARAÍBA - 1900/1910

Por Mauro Luiz Senra Fernades


Minha avó Olga do Carmo de Aguiar Pereira e seus primos - os "Pereirinhas"

Meu avô Raul Ferreira Senra e suas irmãs Olga Ferreira Senra "Andrade" e Maria Ferreira Senra "Boechat" - "Cotinha

Meu avô Raul Ferreira Senra aparece ao lado do professor, no Colégio Americano - Além Paraíba

Minha mãe Bernardina, seu irmão Ubyrajara e sua irmã Maria Celeste Pereira Senra "Itaboray"

“Aquele tempo era inferno das crianças. Criança não podia dar aparte em conversa de gente grande, era obrigada a ouvir em silêncio (...) ‘Criança não fala na mesa’, isso era repetido sempre. Em minha opinião, criança passava vida pior do que cachorro de guarda”. Paulo Duarte, Memórias.

E esta não é a opinião de um só. De fato, ser criança era coisa até mesmo vergonhosa. Não até os seis ou sete anos, quando eram idealizadas como “anjinhos”, mas depois disso, quando delas só se esperava que virassem adultos. Para muitos, um menino de elite era um “homenzinho do mundo”, que raramente sorrir, vestido de sobrecasaca e pavoneando sua notabilidade. “Ele é como um ‘velho novo homem’ antes de chegar aos doze anos de idade, tendo seu rijo chapéu de seda preta, colarinho ereto; e na cidade anda como se todos o estivessem olhando. No colégio, além de ‘rudimentos ordinários de educação’, ele aprende a ter boa caligrafia.” A partir dos doze anos, o menino já não podia vestir roupa de criança – blusa a marinheiro, branca ou vermelha, e calças azuis, por exemplo. Passava a usar trajes de homem, comprados na rua do Ouvidor no Rio de Janeiro.

Quanto à menina, basta dizer que o maior elogio que recebia era o de ser “uma verdadeira mocinha”. Suas saias, que até os doze anos davam pelo meio das canelas, passavam progressivamente a se encompridar.

Mantendo mais contato íntimos com as amas do que com os pais, as crianças dirigiam-se a estes como “Vossa Mercê”, “Senhor Pai” e “Senhora Mãe”, pedindo-lhes a benção com a cabeça reclinada e mãos entrelaçadas. Eram adultos em miniatura.
Era costume ter muitos filhos. E era normal que, em cada família, algumas crianças morressem nos primeiros anos de vida. Os antibióticos não eram conhecidos e a higiene era precária, mesmo entre famílias ricas. O leite de vaca transmitia tuberculose; as carnes, verminoses mortais; a água, febre tifóide. Para exorcizar o fantasma da morte, centenas de remédios, benzimentos e poções eram misturados às crianças. Vinol, “preparado de fígado de bacalhau sem óleo”, era receitado contra fraqueza pulmonar e a tosse. Como “robustecedor energético e poderoso”, recomendava-se a Emulsão de Scott. Para acidez ou prisão-de-ventre, Leite de Magnésia de Phillips. E para qualquer dúvida, consultava-se nas farmácias o Formulário Chernoviz, dicionário de Medicina em dois volumes, que explicava as doenças e os respectivos remédios.

A palmatória era o terror da meninada. Especialmente nas sabatinas de tabuadas, quando os “bolos” eram distribuídos a granel. Bolos, varadas, puxões de orelha ou outros castigos, como passar a aula inteira de pé na frente da classe, com um livro aberto nas mãos. Isto quando a criança não era obrigada a escrever centenas de vezes – “devo decorar minhas lições até ser capaz de repeti-las corretamente”. E a maior parte do tempo na escola era gasto em repetições em voz alta, o principal “método” de ensino.



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

FOTOGRAFIA: NASCE A TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA

Por Mauro Luiz Senra Fernandes




“No ano de 1839, em Paris, um sonhador chamado Daguerre conseguiu realizar sua mais notável façanha: fez aparecer sobre uma lâmina de metal incríveis miniaturas da vida real, após uma rápida exposição à luz e alguns minutos de recolhimento numa câmara escura. Para a época era um verdadeiro milagre!
Logo surgiram ateliês de fotógrafos nas grandes capitais, registrando para a posteridade um momento fugaz da vida de uma pessoa, de uma família. Nasciam os álbuns, relíquias domésticas onde o passado se cristaliza. Os jornais e revistas começam a registrar e divulgar imagens de homens, coisas, lugares e fatos. A história ganha uma testemunha ocular. E o jornalismo passa a ter importante complemento: o trabalho do fotógrafo.”
Fonte: Nosso Século –Ed. Abril

ACERVO ORIGINAL DE MAURO SENRA



José Luiz Rodrigues Horta, Dona Sabina Cândida de Assis Fonseca e filhos, nascida em 1846, era filha do Cap. Cândido Ferreira da Fonseca e de Dona Camilla Francisca Ferreira de Assis – esta Baronesa de Juiz de Fora. Dona Sabina era sobrinha do Comendador Simplicio José Ferreira da Fonseca, pioneiro e desbravador da Fazenda da Barra do Peixe em Além Paraíba. Fotografia tirada em Juiz de Fora.


Dona Cecília Clara de Moraes Breves (Rua Cecília Breves) e seu esposo e médico, Dr. Alfredo Magno de Almeida Rego; ela era filha do Cel. Breves, primeiro prefeito de Além Paraíba, e sobrinha do Barão de Guararema, nascida em 1875. Fotografia tirada em Paris, França.


Dona Dometilde Côrtes de Castro e Agostinho Rodrigues da Costa, filha de Silvestre Pacheco de Castro e de Dona Anna Cândida de Figueiredo Côrtes, neta materna de Joaquim Cesário de Figueiredo, pioneiro e desbravador da Fazenda da Barra em Além Paraíba.


Momento da família “Cunha de Almeida” em sua residência na Rua Cecília Breves, nº 9, em Porto Novo. Em primeiro plano ao centro: a matriarca Dona Amélia Cunha de Almeida – viúva do Dr. Francisco Aguiar Cunha, médico formado na Bahia e proprietário da Fazenda Aquidaban e suas filhas Dona Evangelina Cunha de Almeida (à esquerda), casada com o primo Guilherme de Almeida Magalhães, e Dona Olímpia Cunha de Almeida (à direita). Ao fundo, as netas Rachel de Almeida Marques com seu marido Francisco Gonçalves Marques e Dona Odáia de Almeida de Rezende, casada com o Sr. Francisco Medeiros de Rezende. À frente de todos , o menino Darcy.

Evangelina Cunha de Almeida,casada com o primo Guilherme de Almeida Magalhães


Casamento de Latife Tebet e Oswaldo Perácio, em 10 de abril de 1929


Casamento de Cilóca Magalhães e Odyr Perácio, em 30 de junho de 1930

Nessa imagem se vê o Bairro de Porto Novo e do Porto Velho, a "Padaria Progresso" do imigrante português Manoel Fernandes da Silva e a garage do Bonde Elétrico do Sr. Adão Pereira Araújo

Patronato Oscar Teixeira Marinho - Angustura 1961

“Se queres ser universal, fala da tua aldeia”. (Fiodor D.)

domingo, 4 de dezembro de 2011

CHRISTIANO GONÇALVES FILGUEIRAS

Por Mauro Luiz Senra Fernandes


 
 Fotografia tirada em ocasião das Bodas de Prata de Christiano Gonçalves Filgueiras e Jacynta da Costa Filgueiras, os filhos Acácio, Anacleto, Onofre, Manoel, José, Isabel, Maria José, Presciliana, Djanira, Hercília, Iracema e Lucília, além de sua mãe Isabel Gomes Filgueiras


A família Gonçalves Filgueiras se inicia na Zona da Mata Mineira com o pioneiro Francisco Gonçalves Filgueiras e sua esposa Leonor Maria de Jesus, que recebeu a sesmaria que se transformou na Fazenda Independência, na freguesia de São Sebastião do Feijão Cru, que em 27 de abril de 1854, pela Lei 886, ganhou o título de Vila Leopoldina.

Entre seus filhos, Manoel Gonçalves Filgueiras, que era proprietário da Fazenda Estrela, em Além Paraíba, casado em primeiro matrimônio com Maria Jacintha de Oliveira Senra, nascida na Fazenda Vargem Grande do Rio Angu no ano de 1840 e faleceu em 2 de junho de 1868 – aos vinte oito anos de idade de “Hemorragia post partum”, filha de Manoel de Oliveira Senra e Maria Luiza de Jesus.

Após o falecimento de sua primeira esposa, casou-se em 19 de janeiro de 1870, na Capela de Santo Antônio do Aventureiro com Isabel Gomes da Costa, filha de Manoel Gomes Jatay e Anna de Jesus.

De seu primeiro matrimônio teve os seguintes filhos:
Manoel, Joaquim, Theophilo, Maria Luiza, Emília, Balbina, Onofre e Antônio.
De seu segundo matrimônio teve os seguintes filhos:
Christiano, Adamastor, Alberto, Virgílio, Alfredo, Sophia, Corina, e Hercília.

Conforme citou a sua filha Sophia no Jornal Estado de Minas, em 1º de maio de 1988, após a abolição da dos escravos, Manoel Gonçalves Filgueiras não conseguiu continuar administrando a sua fazenda e faleceu de desgosto.

Seu filho Christiano Gonçalves Filgueiras nasceu em 1871, foi um empreendedor e progressista personagem, prospero comerciante no ramo de secos e molhados em Além Paraíba e em setembro de 1925 mudou de ramo, fundou a Tipografia e Papelaria Casa Cruzeiro.

Foi casado com Jacynta da Costa Filgueiras – “Dona Sinhá”, filha de Anacleto Dias da Costa e Presciliana Augusta da Costa, e tiveram os seguintes filhos:
Acácio, casado com Hercília Campos Filgueiras; Anacleto, casado com Maria Augusta Filgueiras; Onofre, casado com Guaraciaba Vale Filgueiras; Manoel, casado com Lectícia Almeida Filgueiras; José, casado com Vivaldina Filgueiras; Isabel, casada com João Carvalho; Maria José, casada com Zeno Mello; Presciliana, casada com Waldemar Martins; Djanira, casada com Nelson Ghetti; Hercília, casada com Antônio Pereira de Araújo; Iracema; e Waldyr Gonçalves Filgueiras, casado com Vera Lobo Filgueiras.

Christiano Gonçalves Filgueiras faleceu em Além Paraíba com noventa e dois anos de idade, em 1963.


Porto Novo - Prédio da Tipografia e Papelaria Casa Cruzeiro